Tesouro projeta piora na trajetória da dívida, que atingiria pico de 84,3% do PIB em 2028

O Tesouro Nacional projeta uma piora na trajetória da Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG), que atingiria um pico em 2028, equivalente a 84,3% do Produto Interno Bruto (PIB) , começando a cair somente em 2029, quando recuaria para 84,1%. Projeções do cenário de referência vêm na 6ª edição do Relatório de Projeções Fiscais, divulgado nesta quarta-feira (16).

No relatório anterior, de dezembro, a DBGG atingiria o pico em 2027, quando chegaria a 81,8% do PIB. Ainda na projeção do fim de 2024, a curva da dívida começaria a cair em 2028, para 81,6% do PIB.

No documento, o Tesouro também projeta um aumento da DBGG/PIB de 2,5 pontos percentuais este ano, em comparação ao valor realizado em 2024, quando fechou em 76,5% do PIB. Para 2025, a projeção é que a dívida feche o ano em 79% do PIB.

A piora na trajetória, explicou o órgão, “se explica, principalmente, pelo nível dos juros nominais, que seguem pressionando a dívida nos anos seguintes”. O Tesouro também pontua que as projeções para evolução do PIB mitigariam a alta.

“As projeções consideram um cenário para operações associadas com ações do Banco Central no âmbito da gestão de liquidez da economia, notadamente os fatores condicionantes da base monetária, como operações com moeda manual, depósitos (compulsórios ou voluntários) e linhas de liquidez”, pontuou o Tesouro no documento.

No relatório, o Tesouro também estima que, conforme o arcabouço fiscal vigente, seria necessário um superávit primário de 2,3% ao ano a partir de 2030 para que a DBGG atingisse 76,5% do PIB em 2035.

Resultado primário do governo central

O Tesouro Nacional projeta que o resultado primário do governo central deve permanecer em um superávit de 1,25% do PIB de 2029 até 2035. O cenário considera que haverá uma evolução favorável das receitas primárias, decorrente de medidas de recomposição de arrecadação, e uma despesa total com tendência de queda em proporção ao PIB.

Além disso, o Tesouro considera que serão atingidas as metas de resultado primário traçadas no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026, que é de déficit zero em 2025 e de superávit de 0,25% do PIB em 2026, 0,5% em 2027, 1,0% em 2028 e 1,25% em 2029.

O Tesouro considera uma recuperação da receita primária líquida ao longo do período analisado, que atinge 19,1% em 2029 e 2030. A partir de 2032, inicia uma trajetória de queda, encerrando 2035 a 17,5% do PIB.

Precatórios e IOF

Já a despesa primária parte de 18,8% do PIB em 2025 e reduz-se até atingir 16,3% do PIB em 2035, no cenário de referência. Essa queda se dá a partir de 2027, acentuada com a inclusão da totalidade dos precatórios no limite de despesas. Porém, a Câmara dos Deputados aprovou, na terça-feira (15), uma proposta, com aval do governo, para prever uma inclusão gradual dos precatórios na meta fiscal a partir de 2027, ao longo de dez anos. Essa proposta não foi considerada nas projeções do relatório do Tesouro.

O relatório do Tesouro considerou, ainda, o decreto que aumentou as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que atualmente está suspenso, por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Ainda de acordo com as estimativas, o ritmo de crescimento real médio de 2,9% ao ano das despesas obrigatórias gera redução das discricionárias no período.

Por fim, o Tesouro alerta que os cenários fiscais projetados baseiam-se nas projeções para 2025 do 2º Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias e no cenário macroeconômico de maio de 2025 da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda.

Por isso, qualquer mudança nos parâmetros leva a diferentes projeções.

Matéria publicada no Valor Econômico, no dia 16/07/2025, às 11:31 (horário de Brasília)