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O presidente Donald Trump está isentando as montadoras das tarifas recentemente impostas ao México e ao Canadá por um mês, informou a Casa Branca na quarta-feira, como uma suspensão temporária após apelos de líderes do setor.

“Vamos dar uma isenção de um mês para qualquer automóvel que venha pelo USMCA”, disse a Secretária de Imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt , referindo-se ao acordo comercial que Trump negociou com o Canadá e o México em seu primeiro mandato. “Tarifas recíprocas ainda entrarão em vigor em 2 de abril, mas a pedido das empresas associadas ao USMCA, o presidente está dando a elas uma isenção de um mês para que não fiquem em desvantagem econômica.”

A isenção também se aplica a autopeças que estejam em conformidade com o pacto comercial, disse um funcionário da Casa Branca. Funcionários do governo se encontraram na terça-feira para discutir o assunto com os chefes da Ford Motor Co., General Motors Co. e Stellantis NV, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto, que não estavam autorizadas a compartilhar os detalhes publicamente.

A consideração da Casa Branca de adiar as tarifas automotivas foi relatada anteriormente pela Bloomberg News, levando as ações das montadoras dos EUA a saltarem. A Stellantis ganhou 9,2% na quarta-feira em Nova York, o maior valor desde março de 2022. As ações da GM subiram 7,2% enquanto a Ford avançou 5,8%.

A medida destaca como a administração Trump está trabalhando em várias frentes para garantir fábricas de automóveis adicionais nos EUA, há muito uma das principais prioridades do presidente. Parte do motivo para um adiamento seria ganhar tempo para as montadoras elaborarem planos para mover mais investimentos e produção para os EUA, disseram algumas das pessoas.

Em outro exemplo de como o governo está buscando fornecer alívio aos setores afetados, a Secretária de Agricultura dos EUA, Brooke Rollins, disse à Bloomberg News na quarta-feira que eles estão considerando isentar certos produtos agrícolas das tarifas impostas ao Canadá e ao México.

As montadoras de Detroit buscaram agressivamente interromper ou revisar as tarifas de Trump devido a preocupações sobre os efeitos potencialmente catastróficos. As montadoras e especialistas alertaram que um aumento nos custos das tarifas de 25% impostas aos vizinhos dos EUA esta semana poderia elevar os preços dos automóveis em milhares de dólares quase imediatamente e paralisar as cadeias de suprimentos.

O sindicato United Auto Workers, que representa os funcionários de fábrica da GM, Ford e Stellantis, disse na terça-feira que estava em “negociações ativas” com o governo Trump para “moldar as tarifas automotivas em abril para beneficiar a classe trabalhadora”. A Stellantis havia buscado a ajuda do UAW para garantir o alívio das tarifas, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.

A ligação de Trump com líderes automotivos na terça-feira incluiu o presidente executivo da Ford, Bill Ford, bisneto do fundador Henry Ford, bem como o CEO da montadora, Jim Farley, a CEO da GM, Mary Barra, e o presidente da Stellantis, John Elkann.

A discussão ocorreu depois que os principais executivos de cada empresa falaram com autoridades do Departamento de Comércio na última quinta-feira. Autoridades da administração enfatizaram ao longo das discussões recentes que Trump quer que as montadoras retornem os investimentos e a produção de veículos para os EUA, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.

GM, Ford e Stellantis agradeceram a Trump em declarações separadas pela isenção temporária para veículos compatíveis com o USMCA, cada uma enfatizando que comprometeram bilhões de dólares em investimentos existentes e planejados nos EUA desde que o pacto entrou em vigor.

Trump, em um par de postagens nas redes sociais na quarta-feira, disse que havia falado com o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau e lhe disse que não estava convencido de que o fluxo de fentanil através da fronteira deles havia parado e culpou as políticas de fronteira do colega líder pela situação. Trump disse que a “ligação terminou de uma maneira ‘um tanto’ amigável”, mas acusou Trudeau de “tentar usar essa questão para permanecer no poder”.

O atraso abre caminho para outra encruzilhada no mês que vem, quando Trump planeja uma nova onda de tarifas, incluindo especificamente sobre importações de automóveis, começando já em 2 de abril.

As montadoras dos EUA pressionaram por uma isenção para veículos fabricados na América do Norte que cumpram as regras de fornecimento de peças do USMCA.

Farley tem sido um dos mais expressivos sobre o assunto, dizendo no mês passado que as tarifas seriam “devastadoras” para as montadoras americanas e “abririam um buraco” na indústria.

Matéria publicada na Bloomberg, no dia 05/03, às 13:58 (horário de Brasília)