Trump diz que reduzirá o prazo de trégua de 50 dias que deu a Putin
O presidente dos EUA, Donald Trump, disse que reduziria o prazo de 50 dias dado ao líder russo Vladimir Putin para chegar a uma trégua com a Ucrânia.
“Estou decepcionado com o presidente Putin, muito decepcionado com ele. Então, vamos ter que analisar e vou reduzir os 50 dias que dei a ele para um número menor”, disse Trump a repórteres na Escócia na segunda-feira, ao receber o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, para uma reunião.
“Acho que já sei a resposta, o que vai acontecer”, disse Trump, indicando ainda mais ceticismo de que Putin viria à mesa de negociações e se comprometeria com um cessar-fogo.
No início deste mês, Trump emitiu o prazo de 50 dias e ameaçou impor severas penalidades econômicas à Rússia caso o país não encerre as hostilidades com a Ucrânia. Trump afirmou que imporia tarifas de 100%, que as autoridades classificaram como taxas secundárias que recairiam sobre países que compram exportações russas, como petróleo. Washington e outras capitais aliadas a Kiev veem essas compras de petróleo como uma forma de apoio tácito à Rússia, ajudando a fortalecer sua economia e a minar as sanções.
A ameaça de Trump marcou uma grande mudança de tom para o presidente dos EUA, que retornou ao cargo prometendo encerrar rapidamente a guerra da Rússia na Ucrânia, citando seu relacionamento com Putin. Esses esforços não se concretizaram, com Moscou respondendo apenas com demandas maximalistas por território ucraniano e recusando os apelos por conversas presenciais entre Putin e seu homólogo, o líder ucraniano Volodymyr Zelenskiy .
Desde a nova ameaça de sanções de Trump, a Rússia continua a lançar ataques violentos com mísseis e drones contra cidades ucranianas. Trump, que inicialmente concentrou sua ira em Zelenskiy como um obstáculo à paz, nas últimas semanas tem demonstrado crescente impaciência, acusando Putin de não ser sincero sobre o desejo de acabar com a guerra, apesar de vários telefonemas e meses de diplomacia.
Os aliados da OTAN também estão se mobilizando para aumentar a pressão sobre Putin, com a Alemanha em negociações avançadas com os EUA e outros aliados para ajudar a fornecer sistemas adicionais de defesa aérea Patriot à Ucrânia. O governo de Zelenskiy tornou a defesa aérea uma prioridade máxima, enquanto semanas de ataques russos afetam cidades ucranianas.
Embora as negociações de maio e junho entre a Ucrânia e a Rússia em Istambul tenham levado a trocas de prisioneiros, não houve progresso no fim do conflito desencadeado pela invasão russa em fevereiro de 2022.
As ameaças de sanções de Trump também ecoam a legislação do Congresso que imporia tarifas de 500% a países que comprassem petróleo e gás russos, como China e Índia. O presidente já ameaçou pressionar Putin economicamente no passado, mas se conteve, sugerindo que queria preservar as negociações.
Matéria publicada na Bloomberg, no dia 28/07/2025, às 09:04 (horário de Brasília)
