UE e Reino Unido ampliam sanções à Rússia enquanto Ucrânia pressiona por corte no teto do petróleo
A União Europeia e o Reino Unido anunciaram novas sanções contra a Rússia nesta terça-feira, intensificando a pressão econômica sobre Moscou diante da continuidade da guerra na Ucrânia. As medidas, que miram principalmente a chamada “frota paralela” de petroleiros e empresas financeiras utilizadas para burlar restrições anteriores, foram adotadas sem esperar uma posição imediata dos Estados Unidos, cuja atuação recente tem gerado frustração entre os aliados europeus.
Entre os novos alvos das sanções estão estruturas que permitem à Rússia exportar petróleo contornando o atual teto de preço de US$ 60 por barril imposto pelo G7. Diante da queda dos preços globais, autoridades da UE afirmaram que proporão um novo teto de US$ 50. O governo ucraniano, por sua vez, defende uma medida ainda mais agressiva: “O teto de preço razoável, do nosso ponto de vista, é 30 dólares”, declarou o vice-chanceler Andriy Sybiha durante visita a Bruxelas.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy agradeceu o novo pacote de sanções e reiterou que o setor energético e financeiro é o ponto mais sensível da economia russa. “Quanto mais pressão houver sobre a Rússia, mais motivos Moscou terá para caminhar em direção à paz real”, escreveu no Telegram. Ele também manifestou que “seria bom” se os EUA somassem esforços às sanções, sublinhando a importância do envolvimento americano para a aproximação da paz.
A nova rodada de medidas ocorre logo após uma ligação de duas horas entre Donald Trump e Vladimir Putin, na qual o presidente norte-americano abandonou sua insistência em um cessar-fogo incondicional e sinalizou que a responsabilidade por um eventual acordo de paz já não seria exclusivamente sua. A mudança de tom preocupa Kiev e os parceiros europeus, que dizem esperar mais firmeza dos EUA. “Também esperamos que nossos aliados americanos não tolerem isso”, afirmou o ministro alemão Johann Wadephul.
Enquanto isso, Rússia e Ucrânia realizaram na sexta-feira sua primeira rodada de conversas diretas em mais de três anos, mediada por Trump. No entanto, as negociações fracassaram diante de exigências russas consideradas “impossíveis” por representantes ucranianos. A Ucrânia afirma estar pronta para um cessar-fogo imediato, mas acusa Moscou de não demonstrar disposição real para encerrar o conflito.
Em meio à estagnação diplomática, o Papa manifestou à primeira-ministra italiana Giorgia Meloni sua disposição de sediar futuras negociações no Vaticano. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou que um novo pacote de sanções está em preparação e defendeu que “é hora de intensificar a pressão sobre a Rússia”.
Moscou, por sua vez, respondeu com retórica desafiadora. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, afirmou que a Rússia “nunca se curvará a ultimatos”, enquanto Putin declarou que está disposto a discutir um memorando de paz, colocando a responsabilidade agora em Kiev.
Apesar da postura russa, os europeus seguem pressionando. “Vamos pressionar Vladimir Putin a pôr fim à sua fantasia imperialista”, afirmou o chanceler francês Jean-Noel Barrot. O ministro britânico David Lammy reforçou: “Atrasar os esforços de paz só redobrará nossa determinação em ajudar a Ucrânia e restringir a máquina de guerra de Putin”.
Matéria adaptada com informações da Reuters