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A União Europeia ganhou influência nas negociações comerciais com os Estados Unidos depois que um tribunal norte-americano questionou a legalidade das tarifas “recíprocas” de Washington, disseram autoridades da UE na sexta-feira.

Um tribunal federal de apelações dos EUA restabeleceu temporariamente as tarifas do presidente Donald Trump na quinta-feira, um dia após um tribunal comercial dos EUA decidir que Trump excedeu sua autoridade ao impor as taxas e ordenou seu bloqueio imediato.

“A incerteza quanto à legalidade das tarifas ‘recíprocas’ certamente nos dá uma vantagem extra”, disse um funcionário da UE próximo às negociações. “As negociações continuarão, pois formalmente ainda buscamos tarifas zero por zero.”

Autoridades da UE disseram que a UE estava disposta a discutir algumas barreiras não comerciais com os EUA, mas não tocaria no sistema tributário da UE — como o imposto sobre valor agregado ou o imposto digital — ou nos padrões de segurança alimentar.

As autoridades da UE disseram que a incerteza criada pelas decisões judiciais e pela política tarifária do governo Trump teve um aspecto positivo para a Europa, que foi vista pelos mercados como um oásis de estabilidade em comparação.

“Esta é a palavra de ordem: incerteza. É impossível saber qual será o status das tarifas na próxima semana, muito menos no próximo mês”, disse um dos funcionários da UE.

“Se você quer uma ordem sensata, estável, até mesmo entediante, baseada em regras e um ambiente de negócios previsível, a Europa é o lugar para você.”

Enquanto isso, algumas empresas europeias, preocupadas com a incerteza e possíveis grandes impactos em seus negócios, estão mantendo suas próprias negociações com autoridades americanas.

O CEO da Volkswagen, Oliver Blume, disse que sua empresa estava mantendo conversas “justas” e “construtivas” com o governo dos EUA sobre tarifas e queria fazer mais investimentos no país.

Blume, falando ao jornal alemão Sueddeutsche Zeitung, disse que o principal contato da Volkswagen em Washington era o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick.

No início desta semana, fontes disseram à Reuters que as montadoras alemãs estavam em negociações com Washington sobre um possível acordo tarifário.

A Comissão Europeia conduz todas as negociações comerciais em nome do bloco de 27 países e as empresas, ou mesmo países individuais da UE, não podem legalmente fechar um acordo fora dessa estrutura.

Negociações comerciais UE-EUA

A Comissão Europeia não quis comentar as decisões judiciais dos EUA porque eram procedimentos internos dos EUA.

Mas disse que as negociações comerciais entre Bruxelas e Washington continuariam, com a Europa mantendo sua oferta de tarifas zero mútuas sobre produtos industriais.

“Não há nenhuma mudança em nossa abordagem, prosseguiremos conforme o planejado com reuniões técnicas e políticas na próxima semana”, disse um porta-voz da Comissão.

O comissário de Comércio da UE, Maros Sefcovic, disse em uma publicação na plataforma de mídia social X que teve uma conversa telefônica com Lutnick na sexta-feira.

“Nosso tempo e esforço foram totalmente investidos, pois a entrega de soluções com visão de futuro continua sendo uma das principais prioridades da UE. Manter contato permanente”, disse Sefcovic no X.

Mais negociações comerciais entre os EUA e a UE estão programadas para a próxima semana, paralelamente à Reunião do Conselho Ministerial da OCDE em Paris, nos dias 3 e 4 de junho.

As autoridades da UE disseram que as decisões dos tribunais dos EUA validaram a visão da UE de que as tarifas “recíprocas” abrangentes, impostas a todos os produtos da UE e de muitos outros países ao redor do mundo em 2 de abril, eram injustificadas.

Eles também disseram que, embora os tribunais dos EUA não questionem as tarifas de 25% impostas por Washington sobre aço, alumínio e carros europeus, as decisões também podem desempenhar um papel nos esforços da UE para reduzir ou remover essas tarifas.

Matéria publicada na Reuters, no dia 30/05/2025, às 05:12 (horário de Brasília)